segunda-feira, 30 de maio de 2016

Fuzzelagem - Episódio 4

FOXX TONE MACHINE



O Foxx Tone Machine é um OctaveUp Fuzz criado na década de setenta. Esse tipo de fuzz usa um artifício analógico que permite criar a ilusão de se adicionar um som uma oitava acima da nota tocada, muito mais pronunciado nas notas mais agudas da escala da guitarra. Normalmente usando-se o captador do braço é que se obtém o timbre de fuzz de oitava acima mais notável. O efeito em si é essencialmente monofônico, mas ao tocar-se mais de uma nota pode ser conseguido um efeito parecido com o de um Ring Modulator. Apesar de manter similaridades com o icônico Octavia usado por Hendrix, ele tem suas peculiaridades e consegue ser um pouco mais comportado mesmo quando seu ganho/drive é maximizado. Além disso tem um ótimo controle de TONE, uma das razões dele poder ser mais ou menos agressivo. Com o TONE mais aberto temos um timbre que muitos costumam apelidar de "Velcro-Like"! Outra característica muito aproveitável dele é a maneira como responde ao controle de VOLUME da guitarra, chegando a simular algumas texturas mais sintéticas! Eu o escutei a primeira vez, que me lembre, numa música do primeiro álbum solo do guitarrista, compositor e vocalista ADRIAN BELEW, chamado "Lone Rhino". Na primeira faixa, "Big Electric Cat", pode-se perceber o uso do FTM. Essa música também aparece na trilha sonora de um filme americano de 1983 chamado "GET CRAZY" e a guitarra principal é uma fretless Strat passando por um Foxx Tone Machine e um delay bem pronunciado de aproximadamente 240 ms com zero ou muito pouco feedback...





FOXX TONE MACHINE REEDIÇÃO BIG EFFECTS



Como eu não possuo uma unidade do FTM original, vou usar como referência básica um pedal feito sob encomenda para mim pela Big Effects há alguns anos e com todo um preciosismo doentio para que tivesse os componentes idênticos aos dos pedais originais. Por outro lado o layout da PCB foi refeito para caber numa caixa menor. Os valores foram mantidos e os semicondutores usados são os mesmos dos pedais originais. Os resistores preferimos usar os modernos menos ruidosos no lugar dos antigos de carbono. O FTM apresenta três knobs de controle: SUSTAIN, TONE (FUZZ MELLOW/BRITE) e VOLUME. Uma chave tipo footswitch de bypass (que no caso desse da Big Effects tem truebypass mecânico usando uma chave 3PDT e LED de indicação de estado) e uma chave de alavanca OCTAVE SUSTAIN (com um LED indicador também). que é usada para se alternar entre Fuzz com oitava acima ou Fuzz normal. Todos os diodos usados foram de Germânio.


PRESCRIPTION ELECTRONICS EXPERIENCE / FOXXXY FUZZ


Quando construí minha primeira versão do FTM estava bastante impressionado com a versão da Prescription Electronics, o EXPERIENCE PEDAL! Uma das coisas que me chamou a atenção foi terem colocado os footswitches na parte superior do pedal e os knobs de controles na parte da frente da carcaça (como no original...). Além da chave de bypass (Truebypass mecânico com 3PDT) foram adicionados footswitches para selecionar entre os modos de operação Fuzz OctaveUp e Fuzz Normal e ligar desligar um novo efeito adicionado ao projeto do FTM, o SWELL. Nos primeiros modelos desse pedal não havia LED de estado para nenhuma das chaves em questão, mas algum tempo depois foram adicionados.




O projetista adicionou um circuito bem interessante que mexia no ataque da envoltória do sinal de saída fazendo-o parecer ser tocado ao contrário. Algo similar à técnica de se usar o knob de VOLUME da guitarra para atenuar o ataque percussivo da guitarra e criar um efeito conhecido como SWELL. Esse efeito não é conseguido em todas as regulagens, além de só aparecer em notas bem destacadas e em modo monofônico, uma nota por vez. Mas admito que é no mínimo interessante. Como eu sempre deixava o potenciômetro de controle desse efeito no mesmo lugar, acabei substituindo-o por um trimpot interno. Alguns pedais tinham essa função como o antigo SLOW GEAR da BOSS, já fora de linha. Quando montei minha versão aproveitei para incluir também uma chave para selecionar os diodos de clipping, entre um par de diodos de Silício e outro par de Germânio.

DANELECTRO FRENCH TOAST


Essa foi uma surpresa com a qual a nova DANELECTRO brindou os fãs da marca com sua linha de Mini-pedais, da qual destacaram-se principalmente três: o Chicken Salad, um phaser/vibe "luxuriantemente" rico, o Tuna Melt um trêmolo vintage muito impressionante e o FRENCH TOAST, um clone do FTM!  Mais ou mesmo na mesma época alguém havia comprado a marca dos pedais da FOXX e lançado algumas reedições, entre elas uma do FTM muito parecida com o pedal original, ao menos cosmeticamente. Mesmo as reedições custavam caro e mais caro agora que deixaram de ser fabricadas novamente. A Dano oferecia uma alternativa de baixo custo, porém bem em cima das características do FTM. Claro que há lugares onde se cortaram os custos, como apenas a base era de metal, o resto da carcaça do pedal é feito de plástico. O bypass é eletrônico e não é dos melhores, apesar de apresentar chaveamento sem ruído. Os controles são muito pequenos, difíceis de mexer (e visualizar o ajuste) e a ausência de um LED de estado dificulta um pouco o uso no meio de outros pedais. 


JOYO VOODOO OCTAVE & JOYO ULTIMATE OCTAVE


Essa foi minha mais recente aquisição e fiquei muito feliz em fazê-la! Apesar de usar uma caixa um pouco grande. tem várias vantagens sobre clones como o Dano French Toast: a caixa é toda de metal, tem footswitch separado e com LED Status para escolher o modo oitava acima ou fuzz normal. E ainda um bônus só encontrado no Fulltone Ultimate Octave: uma chave com dois tipos de tone stacks, dando um som mais cheio de médios ou um bem esculpido nessa faixa. O que encontrei nesse pedal foi uma bela de uma surpresa, pois ele é na verdade um clone do Ultimate Octave, não do Foxx Tone Machine. Então abre uma nova e interessante possibilidade: deixá-lo assim e ter uma versão desse excelente pedal da Fulltone, ou modificar alguns poucos componentes e ter um verdadeiro FTM com um bônus da chave de diferentes tone stacks, sendo que um modo da chave tornar-se-ia o tone stack normal do FTM.


Mas não é só alegrias, pois, mesmo que você não queira fazer as mods para torná-lo um clone exato do FTM, deverá abrí-lo para fazer um pequeno acerto de polaridade dos capacitores C9 e C15. O pedal obviamente funciona sem essa mudança, e pode até ser que a pessoa o prefira assim. No meu caso a diferença foi da água para o vinho e ficou claro tratar-se de algum engano na linha de montagem. Não sei se nas versões mais novas já corrigiram esse problema, mas na que tenho foi necessário fazer essa mudança na polaridade dos capacitores citados, dessoldando-os e ressoldando-os com a polaridade invertida, apenas girando-os 180°. A que tenho é a Voodoo Octave.




A empresa pedalparts.co.uk vende uma placa na qual pode-se montar as duas versões: FTM ou FUO! E no freestompboxes.org pode-se encontrar uma discussão sobre as mudanças de componentes e correção de polaridade dos capacitores citados. Caso você não possua muitas habilidades no manejo do ferro de soldar poderá pedir a um técnico especializado para fazer a mudança.



Segue um vídeo clip com os pedais mencionados aqui. Eu usei nesse clip uma guitarra Fender Stratocaster 60's Road Worn com captação "Three Tone" da Guitar Garage. A posição pickups meio e braço foi a escolhida por ao mesmo tempo tornar mais notável o efeito de oitava acima além de eliminar o ruído de "bzzzz". O controle de volume é alterado várias vezes durante a execução para obter texturas diferentes. O amplificador usado foi o Marshall Wooden Plexi 100 watts Limited Edition com caixa também Marshall modelo 1936 com dois Celestion, ambos cedidos por Sidnei Vaz da GoldTop Instrumentos Musicais, que também gravou o material na própria loja. O som foi captado por um Apple iPhone 4S com microphone TASCAM iM2.




Big Effects Page no Facebook: https://www.facebook.com/bigeffectsbrazil/

Guitar Garage "Thre Tone" pickups: 
http://www.guitargarage.com.br/novo/portal/php/visualizar_produto.php?id=113

Loja GoldTop Instrumentos Musicais: http://www.goldtop.com.br

4 comentários:

  1. "the Foxx Tone Machine was invented by Steve Ridinger, the current president of the Danelectro/Evets Corp. (at age 19!)" Tirado da página effectsdatabase. O French Toast deve ser muito próximo ao FTM!

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    1. Verdade verdadeira...rs. Isso mesmo, ótima observação! É basicamente o mesmíssimo circuito, excetuando apenas o chaveamento, que na Dano é eletrônico, e os diodosde clipping, originalmente de Germânio, no French Toast são de Silício. Muito obrigado pela participação! Realmente o site do Bart Provoost é um tesouro na rede para os viciados em pedais de todo o mundo! Grande abraço!

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  2. Pirei no swell, deu muita vontade de mo ntar esse brinquedo. Foi para a fila. Gostei da forma como usou o volume da guita para dar novos timbres. Vou testar por aqui. Obrigado

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    1. Muito obrigado, meu caro, apareça sempre e boas montagens e sons! Grande abraço!

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