sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Setups de Palco e/ou Gravação #4

 Guigando e Gravando com "Os Tiozin"




Criando um set pra nos apresentarmos ao vivo e que funcione bem para gravações já observando a possibilidade de gravar em linha com simulação de amp aliada aos Impulse Response de gabinetes com falantes microfonados. "Os Tiozin" é um quarteto eletro-acústico formado por Aldo Medeiros na voz e  no violão, Tacito Savoya no baixo, Mario Makaiba nos pads eletrônicos e Alex Frias ( eu ) na guitarra. Ao vivo eu normalmente dispenso a simulação de amplificador e uso um amp real de pouca potência, normalmente um Vox Pathfinder 15R. Por outro lado, ao gravarmos uma primeira vez, na ideia de manter o que julgamos interessante, que é a interação musical como grupo, mantivemos a ideia de gravarmos juntos num mesmo espaço físico. Nessa primeira tentativa optamos por gravarmos todos juntos num mesmo ambiente e tudo direto em linha, apenas a voz e o violão ( nesse caso do violão de forma híbrida - já que teve sua captação interna também gravada em linha numa outra pista ) foram microfonados ( ElectroVoice RE20 na voz e um Senheizer condensador no violão ). Para mandar a guitarra direto em linha entrou em ação o meu MOOER GE200 que tem alguns simuladores de amplificador bem razoáveis e a possibilidade de usar Impulse Response ( internos ou carregados de terceiros ) e assim tornar essa tarefa mais bem sucedida. A nossa monitoração seria feita através de fones, o que traria uma experiência diferente a que nos acostumamos em ensaio e ao vivo. De qualquer maneira traria uma audição em princípio mais acurada e provavelmente até mais fácil de ajustar. Para nossa felicidade fomos gravar no La Maison do meu bom amigo, excelente músico e técnico Didier Fernan. Gravar com ele foi perfeito, nos ajudando de toda forma com gentileza e boa vontade. Completando nossa sessão, no propósito de criar um material áudio/visual para apresentação informal da banda nas redes sociais, convidamos a multiartista Carollina Godinho, que é responsável por toda captação de imagens e movimentos nesse projeto. Vamos então aos setups básicos usados...

Alex Frias - Guitarra


Pedalboard usado na preparação, no ensaio aberto, na gravação "Live" e na estréia no 99SESSIONS.


Apesar de estar sempre tentando dar uma "secada" máxima no setup de palco, mas sem sacrificar um misto de liberdade criativa e expressão dinâmica e timbrística, ainda levo bastante coisa pras gigs e gravinas d'Os Tiozin! Como todo guitarrista que curte pedais de efeitos eu não escapo à maldição da pedalboard eternamente mutante...rs. Tanto que, no que escrevo essa matéria, já houve pequenas mudanças nela! Não tem jeito. No final vejo se posto a foto de como ela deverá aparecer no próximo show, que será em Petrópolis, 18 de Outubro. Nessa da foto o sinal da guitarra entra no Phaser que montei com todos os mojos conhecidos de um Phase 90 original, pré-Dunlop. Daí pro Digitech Ricochet, um ZOOM PD-01 Power Drive, um ToneCity FUXX FUZZ, um X-Vive Golden Brownie, um SubDecay Quantum QUASAR phaser, um MOOER Tender Octaver MKII, um BOSS SY-1 Synthesizer, um Erthquaker Devices ASTRAL DESTINY e finalmente pelo ZOOM MS-100BT MultiFX. Tudo alimentado por duas fontes: uma VoodooLab Pedal Power ISO 5 e uma CABRERA Power Bridge. Na gravação a saída da pedalboard foi direto para um MOOER GE200 pra gravar direto com simulação de amp e IR de cabinet. No show a saída da pedalboard passa por um BOSS FV50H e vai pro VOX Pathfinder 15r.

A guitarra é a Steinberger SPIRIT HSH preta feita na Ásia e com captação trocada por  Fullertone  Nashville 63 & Eruption 78 ( humbuckers de ponte e braço respectivamente ) e Lace Sensor Gold ( single-style noiseless no meio ). Excelente instrumento com ótimo custo-benefício! O tamanho e o peso muito reduzidos são certamente fatores preponderantes na escolha dele para esse  trabalho. Confesso que ainda estou sem usar o sistema de alavanca dessa guitarra até poder dar uma parada pra ver onde está o problema... 

Atualização do Pedalboard ( 13/10/2024 ):

Sai o ZOOM Power Drive PD-01 e entra o MOOER Blues Crab ( Blues Breaker Alike ).

O SubDecay Quantum Quasar passa para depois do MOOER Tender Octaver MKII.

Adição do pedal de expressão Roland EV-5 ao BOSS SY-1 Synth Pedal.




Mario Makaiba - Percussão Eletrônica 


Esse é o cara que nos acolhe de forma auspiciosa em seu pequeno estúdio! O percussionista que fundamenta todo esse trabalho! Makaiba usa com Os Tiozin um Roland SPD-S Samplind Pad de forma surpreendente! Timbres excelentes e super dinâmicos. E, além das escolhas timbrísticas bem feitas, as estruturas de ritmos que Makaiba utiliza se amalgamam de maneira impressionante com o baixo e o violão. Certamente o pouco espaço ocupado pelo equipamento, que cumpre a função percussiva de forma eficiente e eficaz, é um ganho para as possibilidades de apresentção em espaços menores. Além de se ter controle total de volume e o som ir pronto pro PA com um ou dois canais em linha. No entanto não é um substituto para uma bateria acústica, é um instrumento eletrônico de percussão que utiliza samples acústicos e eletrônicos variados, assim é como funciona na concepção de Makaiba e dentro d'Os Tiozin! Eu particularmente acho perfeita essa concepção e vibro com o resultado. O SPD-S oferece nove pads e uma infinidade de funções e kits. Para a banda tem sido uma mão na roda!

Aldo Medeiros - Voz e Violão


Aldo de certa forma é o centro do quarteto, é o compositor da maioria dos temas autorais e versionista das músicas de outros artistas que tocamos. Também é a pessoa que deu direção na montagem desse quarteto. Cantor e violonista de mão cheia, o seu violão ( classico nylon espanhol já com captação e pré-amplificação internas ) e sua voz dão o coração da construção ritmica e harmônica da banda. A maneira de tocar o violão se torna uma característica clara dos diferentes ritmos tocados pelo grupo e me deixando livre para iserir outras ideias sonoras e musicais na guitarra. A voz normalmente usamos o famoso Shure SM-58 ou um AKG também dinâmico do próprio Aldo com ótimos resultados. Um pouco de reverb de qualidade ou um cadinho de delay dão uma ambientada em espaços menores ou mais secos. Um compressorzinho viria a calhar também, viu? Quem sabe num futuro próximo ao vivo?  No estúdio, nessa primeira gravação tivemos todos os mimos de um ótimo técnico de gravação e excelente equipo, se bem que o dinâmico e gordo RE20 foi uma decisão mais que acertada pra voz.

O violão usado por ele é um Amalio Burguet, instrumento de luthier conhecido da Espanha. Foi construído em 1994 e adquirido em 1995, já com a parte de captação e pré-amplificação da LR Baggs instaladas, excelentes diga-se de passagem! O pré-amp tem um controle de faixa de frequencias selecionável para a banda de médios, do tipo sweapable. Temos experimentado efeitos de modulação e ambiência no violão, também fizemos essa estréia no 99SESSIONS sem nada praticamente. Funcionou bem das duas maneiras...rs. Já testamos usando um pequeno amp combo para voz e instrumentos acústicos e diretamente num PA e foi excelente em ambas as situações com pouco ou nada de feedbacks desagradáveis em níveis normais. Nessa primeira gravação o violão foi gravado em linha e alguns efeitos de modulação e ambiência foram inseridos posteriormente na mixagem.

Tacito Savoya - Baixo


Falar do Tacito é simples, pois ele além de ser um ótimo guitarrista ele também é incrível no baixo! Quando está  junto ao Makaiba na Percussão Eletrônica algo mágico acontece! Eu fiquei impressionado quando conheci essa dupla! Daquelas coisas inexplicáveis que acontecem na música, química, encaixe, combinação... Junta o violão do Aldo e fica mortal o negócio. Daí que é uma delicia tocar com esses caras! O baixo tem sido tanto gravado como tocado ao vivo direto, sem efeitos. Porém o técnico ( e maravilhoso baixista também ) Didier Fernan me deu um toque de como o timbre do baixo poderia se beneficiar do uso de um chorus ou flanger em alguns temas que gravamos. Isso foi feito também posteriormente na mixagem. Ao vivo temos sempre ensaiado e nos apresentado com o baixo direto no amp., sem efeitos. Quem sabe mais pra frente tentemos usar efeitos ao vivo também... O baixo que Tacito tem usado é um Ibanez Japonês bem legal modelo SDGR Ativo. A captação, porém, foi substituída por EMG J-set! Ele tem um voicing bem bonito nos médios e um grave profundo, apesar de não brigar com os graves do Roland SPD-S de Makaiba. Certamente essa combinação equilibrada de sons só contribui pra criar um bloco rítmico potente!


Nosso Stage Plot Básico












segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Fuzzelagem Episódio 10

 O que mais além de um Boss Tone Fuzz?


O Fuzz Jordan Bosstone de 1967/68 foi uma grande sacada de como criar distorção para guitarra e outros instrumentos elétricos usando apenas dois transistores e alguns outros poucos componentes eletrônicos, porém com uma arquitetura diferente de um Fuzz Face ou Tone bender. Um detalhe peculiar é a sua apresentação física: não é um pedal, mas sim uma caixinha de plástico que mal tem espaço para abrigar a bateria de 9 volts. E que é projetada para ser espetada direto no jack de saída da guitarra, baixo, lapsteel, pedalsteel, piano elétrico, órgão, etc! Um "plugin" físico!!! Um circuito simples e versátil com uma extensa gama de harmônicos bem posicionados pra dar aquela distorção agradável em vários níveis.


Para tal a parte de trás da caixinha plástica esconde uma base metálica com um plugue saindo dela ( anexado, atarrachado, soldado? ), como na foto ao lado. Também traz num anexo lateral dessa base de metal ( na foto aparece, bem pouco, no lado superior esquerdo ) um jack de saída do efeito para conectar um cabo até o amplificador ( ou algum outro aparelho de efeitos... ). 

Pela frente podemos ver uma chave de bypass e na parte superior dois controles,  lembrando alguns radinhos a pilha antigos, são ajustados lateralmente, são eles: VOLUME ( nível de saída do sinal ) e ATTACK ( que controla a entrada de sinal e consequentemente a quantidade de distorção ). A distorção gerada pode ir de um leve drive até um fuzz bem potente. Um truque comum é deixar o controle de ATTACK numa posição onde se use como a distorção máxima desejada e ir controlando no volume da própria guitarra. O Josh da JHS produziu uma reedição desse aparelho, incluindo toda a parte externa e controles, em quantidade limitada há algum tempo atrás! Devo mandar um link com o video dele sobre isso e a história do próprio Jordan Bosstone.

A Voodoo Lab comercializou um primeiro pedal com essa arquitetura básica do Jordan Bosstone e que parece ter se tornado difícil de achar hoje em dia. Algum tempo depois lançaram uma versão turbinada, por assim dizer, do projeto, adicionando um booster de graves com ganho controlável e um filtro de médios bem interessante e útil! Foi batizado de SUPERFUZZ, o que certamente trouxe diversas confusões com o original UNIVOX SUPERFUZZ, que nada tem a ver com esse aqui! Assim feito o pedal passou a ter ainda mais possibilidades sonoras... Os controles adicionais são: RESONANCE ( controla o ganho do booster de graves e TONE ( controla a atuação do filtro de médios ). Permaneceram os controles de VOLUME e ATTACK. Esse é realmente um pedal com sonoridade incrível e uma gama de harmônicos riquíssima, e diferenciada pela forma como eles se posicionam no espectro sonoro geral. Eu peguei o bicho para fazer um video demo e já me reapaixonei pelo troço!

Foi então que tentei reproduzir o circuito original com algum sucesso, porém fazendo algumas pequenas mudanças consegui descobrir alguns "efeitos colaterais" de desejáveis. Uma das coisas foi aumentar o ganho máximo do primeiro transistor, segundo foi mudar os valores dos capacitores de acoplamento e por final, a cereja do bolo, implementei um controle de S.A.G. que não passa de um potenciômetro que limita a tensão disponível para o circuito, uma espécie de simulador de bateria fraca... Sem ativar o SAG o circuito fornece um timbre muito denso e fuzzy. Podendo chegar a timbres bem mais suaves abaixando-se o controle de GAIN no pedal ( que seria o ATTACK ) ou baixando o próprio knob de volume da guitarra! Apelidei o cara de Boss T-Bone!

Por outro lado, quando o SAG está no máximo, o que na verdade seria um máximo de "esfomeação" do circuito, sonoridades inesperadas aparecem e, dependendo da região do braço da guitarra, das combinações de captadores, tipos de captadores, controle de volume da guitarra e dinâmica, essas possíveis sonoridades vão de um tremendo efeito de sub-oitava até um timbre de trumpet sintético! Isso pelo que pesquisei e pela minha maneira de tocar, imagino que outros timbres podem surgir, ou no uso de outros instrumentos elétricos... Uma curiosidade: eu implementei um circuito "meia-boca" para que, ao se passar do modo "pleno" de alimentação para o modo "total SAG", o LED de Status mude de cor!




Video do Josh da JHS sobre o Jordan Bosstone e suas reedições...


Video com um Jordan Bosstone original dos anos 60!!!