quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Eletracuzkos - #1

Laud Espanhol


Steve Howe
A primeira vez que lembro ter visto esse instrumento foi em fotos numa entrevista do fantástico Steve Howe (da banda inglesa YES) a uma revista especializada. Não havia internet à época, ao menos fora dos contos de ficção científica...rs. Na entrevista não ficava clara a origem do instrumento, pois ele era referido como uma "guitarra portuguesa", que pra mim era outra coisa... 




Mas só vim a ter contato direto com o instrumento quando o excelente músico, compositor e amigo Márcio Rocha veio atender a um convite, juntamente com outro fera, o multi-instrumentista Marcus Antônio Moura,  do meu Duo com o grande batera João Calmon, AJJA Project, para se juntar a nós em alguns temas improvisados ao vivo.  



Márcio Rocha
Só então pude conhecer e compreender a estrutura desse fascinante instrumento. É um instrumento de 6 cursos de cordas duplicadas (diferente do Violão de 12 cordas, onde normalmente os bordões tem seus pares oitavados!) com uma escala bem curta e o corpo bem ressonante com o formato de gota, como os alaúdes mais conhecidos, porém com fundo plano. Parece ter como parente direto a Banduria



Jacob do Bandolim
Guitarra Portuguesa
Ele também me lembra bastante o Bandolim Brasileiro, que, se não me engano, teve sua estrutura modificada a pedido do genial Jacob do Bandolim para ter uma sonoridade mais rica e dramática como das originais Guitarras Portuguesas usadas nos fados. O Bandolim Brasileiro tem sua afinação em quintas nos intervalos de corda á corda e na sua forma original 4 cursos de cordas duplicadas. Uma abordagem que lembra o violino e a afinação usada no Guitar Circle (Ex-Guitr Craft) de Robert Fripp.


Na busca do instrumento há algum tempo, acabei por achar uma oferta imperdível. Fechei negócio e lá estava eu com meu Laud Espanhol Alhambra L-3C! Apesar de já gostar da sonoridade que o Márcio Rocha tirava, eu precisava decidir qual afinação usar! A que encontrei como a corrente principal usada foi, dos bordões para as agudas: G#2 C#3 F#3 B3 E4 A4. A tal Banduria tem essa mesma afinação, porém uma oitava acima. Ambos com intervalos de quartas justas entre as cordas, a mesma abordagem que costumo usar no meu Alaúde Árabe Elétrico. No caso do Alaúde Árabe, que não tem trastes, perder os formatos de padrões de escalas e acordes advindos do violão e da guitarra nem parecia ser grande coisa. Mas no caso do Laud Espanhol preferi optar por uma afinação nos moldes intervalares do violão padrão. Com uma diferença de dois tons apenas entre a terceira e a segunda cordas. Assim a afinação acabou ficando: G2 C3 F3 A#3 D4 G4, deixando as cordas menos tensas e mais amistosas em relação às  tonalidades mais comuns. Depois de afinado e satisfeito com à sonoridade geral do Laud pude perceber que a intonação estava muito longe da perfeição...


Marcelo Calisman
Felizmente pude recorrer aos serviços do excelente profissional e amigo, o Luthier Marcelo Calisman. Ele já está começando a se acostumar com os desafios sobre-humanos que levo para a sua oficina. Dessa vez compensar, ao menos um tanto, essa diferença, principalmente nas cordas mais graves. Com sua grande experiência ele viu que poderia fazer uma espécie de enxerto de osso cavando um pouco o cavalete por trás do rastilho e colocando ali um anteparo, como um segundo rastilho de tamanho menor. Deu certo e a entonação melhorou muito.



Para completar o quadro, já pensando em levar o instrumento pra ser usado no palco, eu resolvi testar o tal sistema de microfone condensador aliado a um pequenino módulo digital da IK Multimedia: o iRig Acoustic Stage. Também tive a sorte de encontrar um sendo vendido por apenas um pouco mais do que é vendido nos EUA. E realmente não me arrependi. Pois não seria interessante mexer mais na estrutura do instrumento. Por outro lado, se esse sistema de captação funcionasse a contento, eu poderia colocá-lo em outros instrumentos que não quero mexer, como Cavaquinho, Viola de Dez Cordas, etc. Por enquanto estou satisfeito com ele, mas ainda não o testei no palco...  Uma coisa apenas que me deixou um pouco decepcionado foi o baixo volume do áudio da sua saída analógica...




Fiz um clip bem tosco com a câmera e áudio do iPad 2, mas enviei o som pela saída USB do iRig Acoustic Stage para o iPad através do Camera Kit. Depois apenas adicionei um pouco de reverber VST. Foi tão corrido que nem fiz o procedimento de aferição do aparelho... Mas dá pra se ter uma ideia!




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