terça-feira, 23 de julho de 2024

DANELECTRO COOL CATS

PEDAIS SORTIDOS


Essa série da Danelectro lançada no começo dos anos 2.000, Cool Cat, é uma das minhas linhas preferidas da marca! Já começa pela carcaça de metal e chave de true bypass. Os jaques na parte traseira facilitam o uso em pedalboards, porém é ideal que se use um plugue sem angulação na alimentação! Já os knobs de controles estarem também nesse painel traseiro, apesar disso oferecer alguma proteção contra "pisadas", dificulta muito o ajuste e impossibilita a visualização dos mesmos ajustes, presos numa pedalboard então a visualização só complica e muito. A princípio esses da foto acima são os pedais que possuo dessa série, porém ao longo da linha do tempo, caso eu venha a pegar outros da mesma série ou mesmo os consiga emprestados, vou fazendo novos testes e atualizando essa postagem aqui!

Eu consegui há um bom tempo atrás as duas versões do Transparent Overdrive por preços muito bons, mesmo que não ao mesmo tempo... Os controles são os mesmos nas duas versões: VOLUME, TREBLE/BASS ( ambos juntos num potencômetro concêntrico duplo ) e GAIN. Nos testes feitos atualmente minha opinião é a seguinte: - Como gerador de distorção, sustain, etc. por si mesmo, sem depender de distorcer o próximo preamp, assim colocado na frente de um amp bem limpo, a versão 1 ganha de lavada na minha opinião. A versão 2 me parece sempre mais Hi-Fi; - Já como boost sujo, na frente de um amp já querendo distorcer, ou "semi-crunchado", os dois ficam bem interessantes, dependendo mais da proposta sonora procurada. A versão 2 ainda tem um grupo de seis chaves dentro do compartimento de bateria que permite ter acesso a três ajustes de tipo de clipagem e mais boost de ganho. A discussão sobre em que tipo de pedal eles se assemelhariam vai na direção do Timmy...

O Cool Cat Drive V.1 já cai numa região mais conhecida e me dá uma impressão de ter algum parentesco com o famoso OCD da Fulltone. Apenas três knobs: VOLUME, TONE e DRIVE. Realmente tem um som diferente e mais cheio, menos transparente possivelmente. Com humbuckers eu prefiro usar ajustes com o DRIVE sempre antes da metade do curso. O teste foi feito com um pickup Gibson Burstbucker III na posição do braço numa Epiphone Firebird Korina. Ele deixa aparecer bem os nuances de cada articulação do instrumento e privilegia o sustain de forma bem orgânica e dinâmica, comprimindo na medida!


Inevitavelmente cheguei, apesar de ter sido só muito recentemente, no Cool Cat Distortion. A unidade que consegui por um precinho camarada tem a parte estética bem prejudicada, mas o que importa, o circuito, a chave, os pots e os jaques estão funcionando OK! De cara reencontro o potenciômetro concêntrico duplo na equalização de duas bandas: TREBLE & BASS. De resto os controles de LEVEL e GAIN. Bem mais apimentado e com aquela onda bem Marshall exageradamente saturado, o Distortion dessa série cria uma distorção equilibrada e dinâmica. Sustain é do tipo o céu é o limite se rolar uma amplificador mais alto. Usei no teste a mesma Epi Firebird do teste do Drive, dessa vez usando primeiro o captador Gibson Burstbucker do braço e depois o da ponte, um Malagoli/Molina Custom, em dois ajustes diferentes. A simulação de amplificador é pro lado Marshall da força, o mais limpo possível... 


O Cool Cat Fuzz V.1 é claramente baseado no projeto do Peach Fuzz da Frantone, com diferenças muito pequenas. É um fuzz com um som extremamente denso, limpa com certa facilidade ao se baixar o volume na guitarra e não desaparece fácil na mix. Ele foi a minha escolha durante bom tempo como o fuzz que usei na pedalboard tocando com o Duo Deodorina. Os controles são mais básico: VOLUME, TONE e FUZZ. O knob de FUZZ ajusta a intensidade de distorção do fuzz. No teste usamos uma guitarra Squier 51 pesadamente modificada e foi usado o captador da ponte, um Gold Foil Single da GFS. Primeiro com o controle de volume da guitarra em 3/4 do curso e depois no máximo. Pode ser notado um ruído que segue um tempinho depois de cada ataque de nota, o que me leva a crer obviamente que após tanto tempo sem uso algum componente desistiu de sua integridade...rs. Mesmo assim prejudicado, o timbre geral do pedal é reconhecidamente o mesmo de quando novo.

Esse Cool Cat Vibe é um pedal bem impressionante pelo que entrega! Fica nos três knobs de controle apenas: MIX, SPEED e INTENSITY. Ele vem de fábrica com dois pequenos problemas... Um boost de volume notável, você deseje ou não, e a demora pro LFO começar a funcionar, pois essa foi a forma encontrada para o ruído do LFO não vazar quando o pedal estiver em bypass (SIC!)... Ambos solucionáveis com duas mods simples e fáceis de encontrar na web. Os timbres possíveis são marcantes e bem distintos com a pessoa apenas mexendo nesses três controles. Inclusive os controles são meio que interativos, o que leva ao usuário pirar nas possibilidades sonoras. O circuito é baseado, como no original, um phaser especial com quatro estágios, estes controlados por resistores foto-sensíveis com uma pequenina lâmpada que muda sua luminosidade de acordo com um oscilador de frequência baixa (LFO). O interessante é ver uma lampadazinha em vez de um LED. O som não é igual ao de um clone de Univibe , mas é bem bom!!!







domingo, 7 de julho de 2024

Fuzzelagem Episódio 9

 Fuzzes Octave Up & Down ( Analógicos )



Já passamos pelos fuzzes OctaveUp, que simulam uma oitava acima adicionada à fundamental. Na verdade um artifício eletrônico que tem como base um circuito chamado "Dobrador de frequências" que permite criar esse efeito de maneira monofônica e como efeito colateral criar um monte de harmônicos acima e abaixo quando são tocadas duas ou mais notas, algo que lembra muito o efeito de Ring Modulation... Pois então, existem também distintas maneiras analógicas de se dividir a frequência de um sinal de áudio monofônico a uma oitava abaixo ( metade da frequência original ) ou mesmo duas oitavas abaixo ( um quarto da frequência original )... Um representante famoso desse tipo de fuzz é o MXR Blue Box de 1975 ( lembrando que a MXR era originalmente uma empresa criativa e distinta, sem ligações com a atual Jim Dunlop ). Tendo apenas dois controles, OUTPUT ( volume de saída ) e BLEND ( que vai adicionando a oitava abaixo sintética ao sinal distorcido normal ) ele é basicamente uma distorção comum na qual você não tem controle de intensidade de distorção e em paralelo a adição de uma oitava abaixo sintética. A capacidade desse pedal de fazer com que o sinal uma oitava abaixo siga de forma constante e estável o sinal de entrada não é lá muito bom, o que normalmente se chama de tracking. Há quem ache esses "glitches" o charme do pedal. 

Na verdade o melhor resultado que tenho conseguido de circuitos analógicos dos dois tipos, OctaveUp & OctaveDown, além de se tocar o mais limpo possível, é usar o captador do braço e por vezes até fechar um bocado o controle de TONE da guitarra. Há marcas de pedais que desenvolveram formas de melhorar essa relação de estabilidade, porém o efeito é conseguido sempre de forma monofônica no caso dessa arquitetura analógica. A Electro-Harmonix tem vários modelos de pedais dirigidos a essa característica, vários octavers culminando com o famoso MICRO SYNTHESIZER! Esse modelo apresenta um módulo chamado VOICE MIX que dispõe paralelamente de quatro fontes sonoras e com controle de volume para cada uma delas, são elas: o som original da guitarra ( GUITAR ), um fuzz bem onda quadrada na oitava original ( SQUARE WAVE ), uma oitava abaixo ( SUBOCTAVE ) e uma oitava acima ( OCTAVE ). E além de todas essas possibilidades tem um gerador de envoltória de volume simples, ATTACK DELAY, afetando apenas o ataque da nota e criando rampas de volume no comecinho do sinal, à partir da palhetada, caso interesse. Depois vem um filtro LPF ( Low Pass Filter ) ressonante, bem clássico em sintetizadores analógicos, bastante simplificado em termos de controles nesse pedal, porém bem cheio de possibilidades, inclusive é também dinâmico e controlado por um gerador de envoltória ( envelope ) de acordo com a dinâmica do guitarrista. O controle de TRIGGER que ajusta o limiar de nível de sinal de entrada a partir do qual o filtro é afetado, praticamente um "sensitivity" pra tentar melhorar a reação do filtro ao playing do guitarrista. Os resultados são bem impressionantes! Aqui vamos ver alguns modelos que tenho acesso para termos uma ideia das diferentes possibilidades. 

O MINI SYNTHY da empresa M3 ( EMTHREE ) era fabricado na Itália no final dos anos 70. Pelas unidades que vi pela web creio ser esta uma das mais antigas. Não se pode chamar de pedal porque a unidade tinha em sua parte de trás duas aletas de metal para prendê-la no cinto ou na correia. Também de uma época em que não havia total padronização de posição dos jaques, então é preciso ter atenção na hora de plugar instrumento e amplificador. Também só pode ser alimentado por bateria de 9 volts. Ele apresenta duas chaves e três potenciômetros no seu painel. Uma chave era simplesmente o bybass, a outra para ajustar o nível de saída entre alta e muito alta! O potenciômetro da esquerda de número 1 corresponde ao som na oitava original distorcido numa onda fuzz, bem onda quadrada. Só este fuzz já valeria a unidade ( NMHO )! O do meio, de número 2, já traz uma oitava abaixo bem sintética, tipo onda quadrada de console de 8 bits. O da direita de número 3 duas oitavas abaixo também sintético e com um ronco impressionante. O C.I. usado para divisão de oitavas é um SAJ110, mosca branca hoje em dia e usado em sintetizadores antigos, uma curiosidade, pois não sei se posso atribuir a isso essa sonoridade densa.. Porém esse aparelho não apresenta fuzz oitava acima!

Já o ROCKTRON Purple Haze oferece essa combinação de fuzzes OctaveUp e OctaveDown. Saído da série Classics no começo dos anos 2000, o Purple Haze é um fuzz que tem esse somatório de fuzzes de oitava abaixo e oitava acima em paralelo no mesmo pedal. Trabalha com baterias ou fonte padrão BOSS de 9 volts. O painel onde ficam os knobs de controle ficam numa parte com rebaixo e parecem protegidos das pisadas mais pesadas. Os controles dispostos no painel são: OUTPUT ( volume de saída do efeito ); MIX ( parece controlar a mistura entre os sinais de oitava acima e oitava abaixo ); MOD ( controla as características do timbre da oitava abaixo ); TONE ( tonalidade da oitava acima ); GAIN ( a estrutura de ganho/distorção do sinal oitava acima ). 


Na minha opinião a parte de oitava acima é bem na onda dos Octavias, bem OK. Já o tracking da oitava abaixo não é muito bom e fica bem errático em boa parte da escala. De qualquer forma a junção desses dois sinais em paralelo criam uma timbragem com peso e mordida bem complementares e musicais. 


Mais pra frente na linha do tempo aparece esse Bit Commander da EarthQuaker Devices. Parece mesmo que o pedal é produzido à partir das ideias propostas por esses anteriores! Ele tem um fuzz normal para fornecer um sinal distorcido e sustentado do sinal da guitarra na mesma oitava, mais um sinal uma oitava abaixo, outro duas oitavas abaixo e finalmente um com uma oitava acima. Os controles não tem muitas surpresas:  LEVEL ( volume de saída do efeito ); FILTER ( um controle de tonalidade que atua no sinal resultante da mistura de todos os sinais que se seguem...); BASE ( nivel do sinal de fuzz oitava normal ); SUB ( nível sinal duas oitavas abaixo ); DOWN ( nível sinal uma oitava abaixo ); UP ( nível sinal uma oitava acima ). Como normalmente o povo da EQD faz o trabalho de casa, o resultado é um pedal com todas essas possibilidades, porém com detalhes muito bam resolvidos. Começando pelo tracking das oitavas abaixo, facilitando o uso do pickup da ponte. Não há controles de ganho/drivedistortion/fuzz pra mexer com a intensidade de distorção do sinal principalmente pra controlar os timbres do fuzz normal e da oitava acima. Mas nada que não se dê jeito mexendo nos controles de volume da própria guitarra. Adicionando efeitos após o pedal ainda se consegue texturas incíveis de sintetizados. Essa é a versão 2.0 do pedal!




Segue video muito bom com resenha do EHX MICRO SYNTHESIZER: