domingo, 7 de julho de 2024

Fuzzelagem Episódio 9

 Fuzzes Octave Up & Down ( Analógicos )



Já passamos pelos fuzzes OctaveUp, que simulam uma oitava acima adicionada à fundamental. Na verdade um artifício eletrônico que tem como base um circuito chamado "Dobrador de frequências" que permite criar esse efeito de maneira monofônica e como efeito colateral criar um monte de harmônicos acima e abaixo quando são tocadas duas ou mais notas, algo que lembra muito o efeito de Ring Modulation... Pois então, existem também distintas maneiras analógicas de se dividir a frequência de um sinal de áudio monofônico a uma oitava abaixo ( metade da frequência original ) ou mesmo duas oitavas abaixo ( um quarto da frequência original )... Um representante famoso desse tipo de fuzz é o MXR Blue Box de 1975 ( lembrando que a MXR era originalmente uma empresa criativa e distinta, sem ligações com a atual Jim Dunlop ). Tendo apenas dois controles, OUTPUT ( volume de saída ) e BLEND ( que vai adicionando a oitava abaixo sintética ao sinal distorcido normal ) ele é basicamente uma distorção comum na qual você não tem controle de intensidade de distorção e em paralelo a adição de uma oitava abaixo sintética. A capacidade desse pedal de fazer com que o sinal uma oitava abaixo siga de forma constante e estável o sinal de entrada não é lá muito bom, o que normalmente se chama de tracking. Há quem ache esses "glitches" o charme do pedal. 

Na verdade o melhor resultado que tenho conseguido de circuitos analógicos dos dois tipos, OctaveUp & OctaveDown, além de se tocar o mais limpo possível, é usar o captador do braço e por vezes até fechar um bocado o controle de TONE da guitarra. Há marcas de pedais que desenvolveram formas de melhorar essa relação de estabilidade, porém o efeito é conseguido sempre de forma monofônica no caso dessa arquitetura analógica. A Electro-Harmonix tem vários modelos de pedais dirigidos a essa característica, vários octavers culminando com o famoso MICRO SYNTHESIZER! Esse modelo apresenta um módulo chamado VOICE MIX que dispõe paralelamente de quatro fontes sonoras e com controle de volume para cada uma delas, são elas: o som original da guitarra ( GUITAR ), um fuzz bem onda quadrada na oitava original ( SQUARE WAVE ), uma oitava abaixo ( SUBOCTAVE ) e uma oitava acima ( OCTAVE ). E além de todas essas possibilidades tem um gerador de envoltória de volume simples, ATTACK DELAY, afetando apenas o ataque da nota e criando rampas de volume no comecinho do sinal, à partir da palhetada, caso interesse. Depois vem um filtro LPF ( Low Pass Filter ) ressonante, bem clássico em sintetizadores analógicos, bastante simplificado em termos de controles nesse pedal, porém bem cheio de possibilidades, inclusive é também dinâmico e controlado por um gerador de envoltória ( envelope ) de acordo com a dinâmica do guitarrista. O controle de TRIGGER que ajusta o limiar de nível de sinal de entrada a partir do qual o filtro é afetado, praticamente um "sensitivity" pra tentar melhorar a reação do filtro ao playing do guitarrista. Os resultados são bem impressionantes! Aqui vamos ver alguns modelos que tenho acesso para termos uma ideia das diferentes possibilidades. 

O MINI SYNTHY da empresa M3 ( EMTHREE ) era fabricado na Itália no final dos anos 70. Pelas unidades que vi pela web creio ser esta uma das mais antigas. Não se pode chamar de pedal porque a unidade tinha em sua parte de trás duas aletas de metal para prendê-la no cinto ou na correia. Também de uma época em que não havia total padronização de posição dos jaques, então é preciso ter atenção na hora de plugar instrumento e amplificador. Também só pode ser alimentado por bateria de 9 volts. Ele apresenta duas chaves e três potenciômetros no seu painel. Uma chave era simplesmente o bybass, a outra para ajustar o nível de saída entre alta e muito alta! O potenciômetro da esquerda de número 1 corresponde ao som na oitava original distorcido numa onda fuzz, bem onda quadrada. Só este fuzz já valeria a unidade ( NMHO )! O do meio, de número 2, já traz uma oitava abaixo bem sintética, tipo onda quadrada de console de 8 bits. O da direita de número 3 duas oitavas abaixo também sintético e com um ronco impressionante. O C.I. usado para divisão de oitavas é um SAJ110, mosca branca hoje em dia e usado em sintetizadores antigos, uma curiosidade, pois não sei se posso atribuir a isso essa sonoridade densa.. Porém esse aparelho não apresenta fuzz oitava acima!

Já o ROCKTRON Purple Haze oferece essa combinação de fuzzes OctaveUp e OctaveDown. Saído da série Classics no começo dos anos 2000, o Purple Haze é um fuzz que tem esse somatório de fuzzes de oitava abaixo e oitava acima em paralelo no mesmo pedal. Trabalha com baterias ou fonte padrão BOSS de 9 volts. O painel onde ficam os knobs de controle ficam numa parte com rebaixo e parecem protegidos das pisadas mais pesadas. Os controles dispostos no painel são: OUTPUT ( volume de saída do efeito ); MIX ( parece controlar a mistura entre os sinais de oitava acima e oitava abaixo ); MOD ( controla as características do timbre da oitava abaixo ); TONE ( tonalidade da oitava acima ); GAIN ( a estrutura de ganho/distorção do sinal oitava acima ). 


Na minha opinião a parte de oitava acima é bem na onda dos Octavias, bem OK. Já o tracking da oitava abaixo não é muito bom e fica bem errático em boa parte da escala. De qualquer forma a junção desses dois sinais em paralelo criam uma timbragem com peso e mordida bem complementares e musicais. 


Mais pra frente na linha do tempo aparece esse Bit Commander da EarthQuaker Devices. Parece mesmo que o pedal é produzido à partir das ideias propostas por esses anteriores! Ele tem um fuzz normal para fornecer um sinal distorcido e sustentado do sinal da guitarra na mesma oitava, mais um sinal uma oitava abaixo, outro duas oitavas abaixo e finalmente um com uma oitava acima. Os controles não tem muitas surpresas:  LEVEL ( volume de saída do efeito ); FILTER ( um controle de tonalidade que atua no sinal resultante da mistura de todos os sinais que se seguem...); BASE ( nivel do sinal de fuzz oitava normal ); SUB ( nível sinal duas oitavas abaixo ); DOWN ( nível sinal uma oitava abaixo ); UP ( nível sinal uma oitava acima ). Como normalmente o povo da EQD faz o trabalho de casa, o resultado é um pedal com todas essas possibilidades, porém com detalhes muito bam resolvidos. Começando pelo tracking das oitavas abaixo, facilitando o uso do pickup da ponte. Não há controles de ganho/drivedistortion/fuzz pra mexer com a intensidade de distorção do sinal principalmente pra controlar os timbres do fuzz normal e da oitava acima. Mas nada que não se dê jeito mexendo nos controles de volume da própria guitarra. Adicionando efeitos após o pedal ainda se consegue texturas incíveis de sintetizados. Essa é a versão 2.0 do pedal!




Segue video muito bom com resenha do EHX MICRO SYNTHESIZER:





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