segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Fuzzelagem Episódio 10

 O que mais além de um Boss Tone Fuzz?


O Fuzz Jordan Bosstone de 1967/68 foi uma grande sacada de como criar distorção para guitarra e outros instrumentos elétricos usando apenas dois transistores e alguns outros poucos componentes eletrônicos, porém com uma arquitetura diferente de um Fuzz Face ou Tone bender. Um detalhe peculiar é a sua apresentação física: não é um pedal, mas sim uma caixinha de plástico que mal tem espaço para abrigar a bateria de 9 volts. E que é projetada para ser espetada direto no jack de saída da guitarra, baixo, lapsteel, pedalsteel, piano elétrico, órgão, etc! Um "plugin" físico!!! Um circuito simples e versátil com uma extensa gama de harmônicos bem posicionados pra dar aquela distorção agradável em vários níveis.


Para tal a parte de trás da caixinha plástica esconde uma base metálica com um plugue saindo dela ( anexado, atarrachado, soldado? ), como na foto ao lado. Também traz num anexo lateral dessa base de metal ( na foto aparece, bem pouco, no lado superior esquerdo ) um jack de saída do efeito para conectar um cabo até o amplificador ( ou algum outro aparelho de efeitos... ). 

Pela frente podemos ver uma chave de bypass e na parte superior dois controles,  lembrando alguns radinhos a pilha antigos, são ajustados lateralmente, são eles: VOLUME ( nível de saída do sinal ) e ATTACK ( que controla a entrada de sinal e consequentemente a quantidade de distorção ). A distorção gerada pode ir de um leve drive até um fuzz bem potente. Um truque comum é deixar o controle de ATTACK numa posição onde se use como a distorção máxima desejada e ir controlando no volume da própria guitarra. O Josh da JHS produziu uma reedição desse aparelho, incluindo toda a parte externa e controles, em quantidade limitada há algum tempo atrás! Devo mandar um link com o video dele sobre isso e a história do próprio Jordan Bosstone.

A Voodoo Lab comercializou um primeiro pedal com essa arquitetura básica do Jordan Bosstone e que parece ter se tornado difícil de achar hoje em dia. Algum tempo depois lançaram uma versão turbinada, por assim dizer, do projeto, adicionando um booster de graves com ganho controlável e um filtro de médios bem interessante e útil! Foi batizado de SUPERFUZZ, o que certamente trouxe diversas confusões com o original UNIVOX SUPERFUZZ, que nada tem a ver com esse aqui! Assim feito o pedal passou a ter ainda mais possibilidades sonoras... Os controles adicionais são: RESONANCE ( controla o ganho do booster de graves e TONE ( controla a atuação do filtro de médios ). Permaneceram os controles de VOLUME e ATTACK. Esse é realmente um pedal com sonoridade incrível e uma gama de harmônicos riquíssima, e diferenciada pela forma como eles se posicionam no espectro sonoro geral. Eu peguei o bicho para fazer um video demo e já me reapaixonei pelo troço!

Foi então que tentei reproduzir o circuito original com algum sucesso, porém fazendo algumas pequenas mudanças consegui descobrir alguns "efeitos colaterais" de desejáveis. Uma das coisas foi aumentar o ganho máximo do primeiro transistor, segundo foi mudar os valores dos capacitores de acoplamento e por final, a cereja do bolo, implementei um controle de S.A.G. que não passa de um potenciômetro que limita a tensão disponível para o circuito, uma espécie de simulador de bateria fraca... Sem ativar o SAG o circuito fornece um timbre muito denso e fuzzy. Podendo chegar a timbres bem mais suaves abaixando-se o controle de GAIN no pedal ( que seria o ATTACK ) ou baixando o próprio knob de volume da guitarra! Apelidei o cara de Boss T-Bone!

Por outro lado, quando o SAG está no máximo, o que na verdade seria um máximo de "esfomeação" do circuito, sonoridades inesperadas aparecem e, dependendo da região do braço da guitarra, das combinações de captadores, tipos de captadores, controle de volume da guitarra e dinâmica, essas possíveis sonoridades vão de um tremendo efeito de sub-oitava até um timbre de trumpet sintético! Isso pelo que pesquisei e pela minha maneira de tocar, imagino que outros timbres podem surgir, ou no uso de outros instrumentos elétricos... Uma curiosidade: eu implementei um circuito "meia-boca" para que, ao se passar do modo "pleno" de alimentação para o modo "total SAG", o LED de Status mude de cor!




Video do Josh da JHS sobre o Jordan Bosstone e suas reedições...


Video com um Jordan Bosstone original dos anos 60!!!



 

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