segunda-feira, 24 de junho de 2024

Fuzzelagem Episódio 8

 Blend Fuzzes - OctaveUp ou Não


O Fuzz é um efeito que provoca diferentes reações em diferentes guitarristas, pois características vistas como positivas pelos amantes do efeito são as mesmas depreciadas pelo outro lado. Uma adição que pode ser um recurso e tanto a um Fuzz ( e mesmo outros tipos de efeitos que nem sempre apresentam essa possibilidade como drives, filters e etc. ) é poder adicionar ( misturar ) paralelamente ao som distorcido/processado o som original (limpo ou não...rs ) do instrumento! Isso é um recurso normal em pedais como Delay e Reverb, também possível de ser encontrados em pedais de Flanger, Chorus e Phaser mais sofisticados. No caso dos fuzzes esse recurso pode ser muito útil para se conseguir timbres diferenciados, facilitar a clareza de acordes e associar o uso de outros efeitos como overdrive e compressão antes do fuzz com resultados mais ricos e carnudos.

O Scrambler da EFX ao lado ( efeito originalmente criado pela Ampeg como o da foto acima ) é um fuzz com capacidade de OctaveUp. O controle de "TEXTURE" ajusta o tipo de comportamento e do timbre de fuzz, de um fuzz comum até um fuzz com uma oitava acima bem audível ( sempre com aquelas características comuns aos outros OctaveUp Fuzzes: melhores resultados utilizando o captador do braço, tocando à partir do 12º e criando efeitos parecidos com um Ring Modulator quando se toca duas ou mais notas ao mesmo tempo! ). O Outro controle, "BALANCE" controla a mistura entre o som original e o processado. As possibilidades são muito interessantes. Minha pequena crítica em relação ao projeto inicial é de que a adição de dois controles poderia tornar bem mais útil a atuação do pedal: 1 - Um controle BOM de "TONE" ( coisa que se pode encontrar no modelo atual da EFX! ); 2 - Um controle de volume final com um estágio de ganho anterior a ele pra poder ajustar facilmente o volume em relação ao pedal em bypass!

O MightySound Fuzz M3 é um pedal pequenino no estilo "nano" com quatro controles! O controle DRIVE ajusta quão distorcido será o sinal processado. O controle de DRY BLEND ajusta a mistura de sinal processado com o sinal não processado ( DRY ). Um controle de VOLUME que ajusta o nível de sinal na saída do pedal. E finalmente o controle com knob branco maior que controlava algo como um misto de textura e tonalidade do Fuzz. Vai do que eles chamam de BASS BUZZ até um TREBLE BITE. Esse controle age de forma dramática na timbragem e textura geral do Fuzz, incluindo o seu comportamento! Esse pedal de excelente custo/benefício foi mais uma grande surpresa, pois eu o adquiri por ser relativamente barato e oferecer esse controle de mistura em um pedalzinho tão prático e pequeno.

Se já é extremamente vantajoso para a guitarra ter um controle de BLEND no fuzz, para o uso do fuzz com o baixo elétrico é praticamente uma necessidade! No sentido de preservar principalmente o conteúdo de graves e o punch natural do instrumento muitos designers de pedal pensaram em alternativas para adicionar efeitos tendo essa nessecidade em mente. Por isso alguns efeitos de modulação especialmente pensados para o baixo lidam mais com a faixa mais aguda do espetro do instrumento, os harmônicos, deixando os graves ( a fundamental e os sub-harmônicos ) sem alteração significativa. Ou simplesmente implementando um controle de BLEND para adicionar o efeito paralelamente ao som original!





sexta-feira, 14 de junho de 2024

Fuzelagem - Episódio 7

 Octávios e Octavias - OctaveUp Fuzzes Parte 3



Apesar das semelhanças, os "fuzzes de oitava acima" tem suas particularidades ditadas por sua arquitetura eletrônica de projeto. Assim fomos comparar alguns projetos DIY ( os feitos por mim tem a marca FTR, sem pretensão comercial ) e comerciais de Octavias. Eu pelo que lembro conheci o timbre diferenciado do Octavia com as gravações do Jimi Hendrix e obviamente fiquei fascinado. Claro que ter um Hendrix pra te apresentar uma nova sonoridade já é meio caminho pra que você seja seduzido pelo resultado. Na primeira parte dessa série de postagens sobre OctaveUp Fuzzes eu aponto outros projetos como meus primeiros contatos com esse tipo de fuzz. Tanto nos ajustes de menos distorção assim como os mais distorcidos já é possível distinguir quão diferente o Octavia soava em relação aos Univox Superfuzzes e FoxxToneMachines. É sempre difícil descrever em palavras diferenças sonoras, principalmente quando elas são subjetivas e tendem a afetar de maneira muito específica a percepção de cada um... Por outro lado existe a relação da maneira que se toca, se articula e epressa cada nota usando técnicas diferentes de "playing" e como isso é correspondido pelo efeito em questão.

FTR Tycobrahe Octavia
Durante um bom tempo eu acreditei que o segredo do timbre particular do Octavia era o uso de um transformadorzinho de áudio, era como fazer parte de alguma seita enlouquecida. Então com o tempo conseguimos através de um fórum decifrar o Octavio da Dunlop que parecia ter um tembre muito bom e usava o artifício de transformador de áudio no coração do efeito. Depois do esforço e paciência de importar alguns transformadores montei o pedal e realmente consegui um resultado que me agradou bastante. No entanto esse pedal tinha o terra positivo, o que o torna um pedal incapaz de compartilhar uma fonte de alimentação com outros pedais. Na verdade eu já tinha uma experiência com os clones e octave fuzzes baseados no FoxxToneMachine e no Univox Superfuzz que, mesmo com circuitos de terra negativo, compartilhar fonte com pedais, principalmente digitais, gerava um ruído de fundo problemático... Um controle que posteriormente adicionei foi um de "TONE".  Ainda não encontrei o capacitor ideal para um espectro de controle amplo da tonalidade, mesmo assim fez-se útil.

FTR Roger Mayer Octavia 
Logo segui em frente para montar um modelo de Octavia sem trafo pra poder fazer a tal comparação... Usei um circuito comum a vários fóruns tido como o projeto do Roger Mayer.  Um circuito muito interessante e fazendo uso de transistores Darlington de alto ganho! Componentes mais fáceis de se encontrar, fora o pot de ganho que deveria ser AntiLog (C). Outra coisa que é um ponto a favor é que o terra dessa versão é positivo e a alimentação pode ser compartilhada com pedais comuns ( lembrando da tal história de que pode haver indução de ruído nesses circuitos de fuzz oitava acima! ). O efeito é ótimo e com poucas diferenças no resultado sonoro geral. Eu gosto bastante desses projetos "Octavia" por terem o efeito de oitava acima adicionada mesmo com a guitarra com volume mais baixo. Nos projetos no estilo Univox Superfuzz a oitava parece esmoecer muito ao se baixar o knob de volume da guitarra.

Há algum tempo atrás, por ouvir falar muito bem do pedal da marca NIG/GNI Music chamado OctaFuzz. Compacto e com jeito de ser bem construído e resistente, o pedal realmente entrega muito bem o que se espera de um "Octavia"! Os controles atuam muito bem inclusive. Pra completar o custo desse pedal é extremamente razoável e pode ser bem mais baixo no mercado de usados, se bem pesquisado. 

Os vídeos foram feitos de formas diferentes visando resultados distintos e interessantes usando o mesmo tipo de efeito. Todos os videos no entanto foram gravados com o controle de volume da guitarra sempre no máximo.


No do Octavio D'Frias eu usei um drive/crunch do amplificador ( nesse caso simulado ) depois do pedal e mantive o fuzz não muito distorcido por si só, dando uma certa arredondada no timbre final.

No do Roger Mayer eu quis manter a distorção do pedal no mínimo possível e aí usei um compressor CYCLOPS da Ed'sModShop antes do pedal pra não perder muito do sustain da guitarra.

No OctaFuzz eu usei uma quantidade mediana de distorção fuzz pra ter sustain e punch, mas não ficar tudo achatado e sem dinâmica.





domingo, 9 de junho de 2024

Pedais & Efeitos Experience

Segunda edição - Rio de Janeiro - Parte #1


Realizou-se nesse dia 25 de Fevereiro passado ( 2024 ) a segunda edição do evento PEDAIS & EFEITOS EXPERIENCE RIO! Mais um excelente evento promovido conjuntamente por PEDAIS & EFEITOS do Leo Ximenes e a JAM EXPERIENCE de Thiago Zalinsky. Botei minha camiseta do blog "TIMBRE-SE!", peguei minha Steinberger Spirit ( com captação especial do Mr Edu Fullertone, com sonzão, pequena e leve! ) e me mandei pra Barra da Tijuca de manhã ainda. O lugar foi a própria escola de música JAM EXPERIENCE no DOWNTOWN Mall. Foram dois andares com vários expositores alocados no hall de entrada, em algumas salas no segundo andar e um bom espaço acusticamente tratado e isolado em nível de estúdio compartilhado por algumas marcas e seus expositores/representantes. Tudo resultado de um esforço hercúleo do Leo Ximenes e suporte dos participantes. Uma beleza de se ver! Foi chegar e já ser muito bem recebido pelo próprio Leo e sua família! Parabéns pra eles!!!

Logo em seguida encontrei Marcos Falcão e Fernamda Ca. Sempre com o genial "EFEITOS PARA GUITARRA E OUTROS INSTRUMENTOS", livro em língua portuguesa sobre pedais, racks, e tudo o mais de efeito para manipular os sons de seus instrumentos, simplesmente imprescindível! Eu já adquiri minha edição atualizado do Volume 1 e esperando a próxima edição do segundo volume. O livro é de fácil leitura e abrange um vasto campo dos efeitos usados desde o começo da indústria do áudio e da eletrificação dos instrumentos. Entender o que os efeitos eletrônicos fazem e como fazem pode facilitar e muito o uso e ajuste dos mesmos. Além da alegria de rever o casal no evento, pudemos ter bons papos sobre esse universo musical imenso, efeitos e inclusive sobre algumas coisas acontecendo dentro do próprio evento.

Subindo a escada já encontramos as salas do andar superior cheias de produtos e visitantes! Como a primeira já estava cheia segui para a segunda onde encontrei o querido e grande guitarrista ( em todos os sentidos ) Paulo Grua. Nessa sala estava a testar uma pedalboard monstro com vários produtos da ChaseBliss. A responsável pela marca no evento era ninguém menos que a ótima guitarrista Ana Julia. Mostrando não só conhecimento, mas paciência e grande simpatia. Eu, particularmente, confesso ficar um pouco intimidado pela marca, porque os pedais são tão interessantes e criativos que fico hipnotizado e a G.A.S. se torna insuportável...rs. Preciso de uma segunda chance com esses caras.

Na terceira sala do segundo andar me deparo com uma figura muito querida que prezo e admiro: Du Menegozo da Deep Trip. Não o via desde a última ExpoMusic em São paulo... Tenho boa parte dos pedais fabricados por eles e são excelentes, então não seria estranho estar tão emocionalmente envolvido nessa parte do evento. Só que para coroar esse reencontro ainda tinha a novidade máxima da revelação do novo pedal da marca feito especialmente em parceria com um dos maiores guitarristas e referência máxima da guitarra brasileira ( para mim e para muitos mais ) Pepeu Gomes! O pedal é o Malacaxêta! Nomeado a partir de uma música muito importante na carreira solo de Pepeu, o pedal é um distortion muito bem projetado e nos padrões de construção e plasticidade dos clássicos da Deep Trip! 


Além do som excelente do pedal, um controle de médios semi-paramétrico faz dele uma ferramenta muito flexível! Pude experimentar o pedal longamente e abusei da hospitalidade do Du, pois conversamos longamente e a nós se juntou Paulo Grua e meu outro querido, Glauco Carvalho guitarra do Tributados! Falamos sobre essa maravilha que é a criação de um idioma guitarrístico brasileiro e do saudoso Paulo Rafael e obviamente do nosso amigo pessoal e amado Fred Andrade. Logo apareceu o incrivel guitarrista e responsável pelo Jam Experience Thiago Zalinsky. Mais tarde um pouco, antes de eu ter deixado o evento ( por um problema pessoal bem chatinho ) pude ainda me encontrar com o incrível Pepeu Gomes, ídolo  e referência total, com o filho Felipe, e foi bem humorado e simpático como de costume, então fico devendo mais essa alegria ao Du! 

Glauco Carvalho, Thiago Zalinsky & Paulo Grua

Filipe, eu & Rodrigo
Dali fui pra próxima sala, no cantinho, e me deparei com algumas das guitarras mais bonitas e originais  feitas por luthiers do Brasil, ao menos as que já pude conhecer pessoalmente e experimentar: R.Gil Guitars! Fui recebido muito gentilmente pelo Rodrigo e seu assistente Filipe e convidado a escolher os modelos em exposição. São instrumentos de altíssimo nível utilisando madeiras incríveis, muito bem construídas e extremamente bem reguladas. O hardware também de primeira, incluindo algumas pontes da Ramme Custom. A captação também é muito boa por parte da Solaris Pickups em parceria com eles, porém vi alguma coisa do queridão Edu Fullertone entre as postagens de instrumentos fabricados. O que posso dizer? G.A.S. total e irrestrito!!! O acabamento beira o absurdo, tocabilidade total e timbres fantásticos! A guitarra do video que fizemos bem despretensiosamente foi a mais apaixonante pro meu gosto. Fiquei até sem graça de não conecê-los antes, já que são baseados aqui no Rio... Fiquei devendo uma visita!



TO BE CONTINUED...